Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar um broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que não podem ser ajudadas. Têm que acontecer de dentro para fora.
(Rubem Alves)
Do livro "How to raise an Amazing Child the Montessori Way", de Tim Seldin
Desde o começo, seu bebê pegará coisas, explorando seu peso, textura e temperatura. Ela vai usar mãos, olhos, ouvidos, boca e nariz para investigar qualquer coisa que esteja por perto. Quando faz um ano de idade, a criança se torna mais e mais curiosa e poderá se concentrar em um objeto assistindo-o e o examinando com uma paciência aparentemente infinita.
É importante evitar o excesso ou a falta de estímulo. Muito estímulo fará a criança ficar estressada e ela tenderá a dormir. A falta de estímulo também leva ao sono. Idealmente, devemos estabelecer um balanço.
Aos leitores deste blog, podemos indicar os posts sobre a adequação da Casa para se conseguir um nível adequado de estímulo, e o post sobre o Sono para compreender melhor seus motivos e o equilíbrio que deve haver entre o tempo de vigília e o tempo de descanso.
Baseado no livro "How to raise an Amazing Child the Montessori Way", de Tim Seldin
A educação dos sentidos começa no nascimento, no 1o abraço ou colo, na primeira vez que ela vê ou sente o tato com a pele ou seu cheiro. Quando ela sente os tecidos contra a sua pele e quando põe os primeiros alimentos sólidos na boca. As crianças são observadoras extremamente ativas nos primeiros anos de vida e tudo o que observam as afeta.
- A visão
É importantíssimo estimular a visão da criança, mas também é muito importante entender como a visão se desenvolve. Nos primeiros meses há uma tendência para focar a visão em objetos que estejam a até 30cm de distância, os olhos passeiam objetivo e podem até cruzar-se de vez em quando. Usualmente os olhos respondem muito bem a rostos humanos, especialmente aos dos pais ou de alguém que cuide deles. Nos primeiros tempos, as crianças ainda não conseguem captar diferenças sutis entre tons e cores, e compreendem melhor contrastes fortes, especialmente branco-preto.
Aos três meses, a criança começa a focar e a reconhecer coisas que estão mais longe, ainda mantém grande interesse por rostos humanos, mas interessam-se também por outros objetos, especialmente por tudo o que se move. Nesta idade já tentam alcançar o que vêem e aos sete meses já desenvolveram realmente bem a visão em cores e a distância.
Há muito que se pode fazer para ajudar a desenvolver a percepção visual da criança. Ao falar com a criança, mantenha o contato visual e perceba como ela responde. Olhem coisas juntos, e fale sobre o que vocês virem. Móbiles, enquanto se movem, mostram aspectos belos e variados de objetos que se movem. Pode ser interessante ter dois ou três móbiles pela casa (especialmente sobre o berço e sobre o trocador), e girá-los com frequência para produzir imagens interessantes e agradáveis para a criança.
Os móbiles não precisam ser complexos e podem ser feitos em casa. Esferas de pano coloridas, formas geométricas de cartolina, especialmente em preto em branco, nos primeiros meses, são muito interessantes para a criança.
A partir dos dois anos de idade, a criança já pode começar a interagir mais ativamente com a cozinha (leia aqui sobre o desenvolvimento desta interação), e começa a adquirir maior liberdade e autonomia, se o ambiente favorecer este desenvolvimento.
[Abaixo, neste post, você encontra um vídeo, em inglês, cujas imagens ajudam muito a entender o que você pode fazer na sua cozinha. Mesmo que você não saiba inglês, vale a pena ver o vídeo. As imagens são extremamente ilustrativas]
A primeira medida que se pode tomar para auxiliar os pequenos nesta fase é instalar uma pequena mesa na cozinha, que seja baixa, mas firme. À frente desta mesa pode-se colocar uma cadeirinha também pequena. O material indicado sempre é a madeira, o motivo principal de se utilizar materiais de madeira sempre que possível é a experiência de tato com materiais naturais. A madeira também é mais bonita que o plástico e oferece maiores possibilidades de mobilidade para a criança do que o metal e o vidro. É ideal que o tampo da mesa seja coberto por uma placa de fórmica, assim a umidade não se acumula e se mantém melhor a higiene. Apesar disso, se o preço de uma mesinha firme de madeira não for acessível, é melhor uma mesa de plástico de alguma cor leve (branco é bom, para que a sujeira seja perceptível e a criança tenha o que limpar quando fizer sujeira) do que a ausência do móvel. Somente certifique-se de que a mesa de plástico seja firme, lembre-se que a criança precisa de um bom apoio para suas primeiras experiências culinárias.
Um armário baixinho, a estante mais baixa de um armário, ou a gaveta mais baixa de um gaveteiro são locais excelentes para se colocar os copos (de vidro), os pratos (de porcelana), os talheres (pequenos, mas de metal) e guardanapos. Os pratos podem ser os de sobremesa, copos podem ser de tamanho normal, se forem comuns, e talheres de sobremesa em geral são adequados. Tudo isto deve ser mantido disponível para a criança, mas a criança deve aprender a manejar cada um destes objetos, sob tutela dos pais. Abaixo, falaremos um pouco sobre como ensinar o manejo dos objetos de cozinha e num post futuro detalharemos este ponto.
Sobre a mesa, pode-se e se deve manter uma jarra (pequena, adequada ao tamanho da criança) com água ou suco e frutas ou pedaços delas, assim como outros itens que possam servir de lanche quando a criança sentir fome e não for horário de refeições. O ideal é atentar para a nutrição dos pequenos e evitar deixar doces ou outros alimentos menos saudáveis. É importante que não haja opções demais, para que a criança não fique confusa, nem de menos, para que ela tenha o que escolher. Duas frutas, ou uma fruta e um tipo de pão ou biscoito são boas opções.
As comidas da criança podem ser deixadas na estante mais baixa da geladeira ou em uma estante do armário acessível para ela, para que ela possa acessá-las quando desejar. Alguns itens possíveis de se disponibilizar para ela são:
- pedaços de frutas ou frutas pequenas (uvas, ameixas...) sempre lavadas;
- fatias de queijo ou de frios, patês, manteiga em recipientes não quebráveis;
os recipientes não devem ser quebráveis porque a criança não terá, neste caso, a firmeza das duas mãos para garantir a estabilidade do pote, pois utilizará uma das mãos para a espátula.
- pães e cereais;
- iogurte, leite, sucos em garrafas e jarras.
No começo, deixe somente colheres disponíveis. Ensine o pequeno a segurar os talheres, geralmente utilizar somente colheres no começo é uma boa e segura maneira de começar. Ensine a criança a segurar copos e pratos com as duas mãos, primeiro executando o ato vagarosa e cuidadosamente, em seguida pedindo que ela o faça. Explique o posicionamento do prato e do copo na mesinha, e mostre como se utiliza um guardanapo. Deixe um pano perto da mesinha para que a criança possa enxugar a superfície, caso despeje líquidos fora do copo.
Disponibilize aquilo que você se sentir seguro(a) para ensinar. Nós vamos liberar posts sobre cada uma das tarefas que devem ser desempenhadas pelo pequeno na cozinha, a maneira de ensinar e a maneira de aprender da criança. Mas é possível começar com o básico desde já.
Venha conhecer um pouco mais sobre o Método Montessori com a palestra:
Educação Cósmica
O Método Montessori e os Ideais da Teosofia
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A palestra será feita a convite da Sociedade Teosófica no Brasil, Loja Liberdade: Endereço: Rua Anita Garibaldi, nº29 - 10ºAndar Data: 01/07/2011 - sexta-feira Horário: 20h, mas você será bem-vindo a partir das 19h30 Entrada franca.
(de The Joyful Child), "Shared with permission of The Joyful Child Montessori Company: www.thejoyfulchild.us"
A criança nestes primeiros anos realmente absorve a vida à sua volta. Um adulto nunca será exageradamente gentil, respeitoso ou sábio, e nunca prestará atenção excessiva aos sons que uma criança vai ouvir ou ao ambiente que ela vai observar.
Quando a criança não está com seus pais, deve-se dedicar muita atenção ao se estabelecer os mais altos níveis de expectativa a outros adultos com quem a criança permanecerá.
O ambiente que criamos para a criança pequena é aquele que ela tenderá a criar para seus filhos, seus netos, e assim por diante...
(de The Joyful Child), "Shared with permission of The Joyful Child Montessori Company: www.thejoyfulchild.us"
O que seu filho vê em casa? No primeiro ano é bom ter cores claras e não muitos objetos expostos. Quando uma criança é hiperestimulada visualmente, ela usualmente fecha os olhos e se isola do mundo. É melhor inspirar e convidar a criança a explorar visualmente o ambiente utilizando cores claras e limitando os objetos do que oprimindo-a.
Quando a criança viu, ouviu e sentiu tudo o que queria durante um determinado período de tempo, ela sabe, por sabedoria inata, que é hora de dormir para processar tudo. Imagine como é vir de um local morno, macio, quase escuro e quieto (o útero) e sair para um local novo, cheio de luz, sensações, sons, tudo estranho a não ser as vozes da família. É muito importante respeitar a sabedoria infantil sobre quanto é bom absorver, e sobre quando ir dormir para processar e descansar, e quando acordar para receber mais informação.
No nascimento, o bebê já sabe como regular seu sono para uma excelente saúde física e mental e para integrar novas experiências. Se nós respeitarmos este conhecimento intuitivo depois do nascimento, nós já estaremos bem avançados quanto a prevenção de problemas de sono que exaurem pais e filhos recentes. Se nós tivermos em mente que o sono é vital por muitos motivos e não deve ser interrompido, nós tentaremos, como as culturas ancestrais disseram várias vezes, não acordar um bebê que dorme senão em uma emergência.
Precisamos ser cuidadosos para não fazer a criança precisar de nós para dormir. Quando o bebê é sempre carregado até que ele durma, problemas com sono podem surgir. Para evitar criar dependência do adulto para atividades tão naturais quanto ir dormir é importante respeitar, do primeiro dia em diante, a habilidade da criança de dormir por si mesma.
A criança é curiosa e precisa explorar sensorialmente o mundo desde os primeiros dias e quer ficar com a família, e não aninhada em um quarto quieto o dia inteiro. Para ajudar a tornar isso possível, os pais podem usar uma esteira especial para bebês, um saco de dormir, um pequeno futon, que possa ser levado para o local da casa onde a família for ficar - a cozinha, o quarto, a sala...
Desta maneira, a criança pode ficar com a família, observar a vida, e cochilar quando necessário. Assim o pequeno pode se manter em contato com seu ritmo natural de sono e vigília. Ele pode ouvir conversas, risadas, música ou o tranquilo silêncio. Nestas esteiras a criança pode também melhorar habilidades em desenvolvimento, como exercícios e alongamento dos músculos, fazendo flexões, alcançando coisas, e levantando-se. E ainda assim seguir seu ritmo natural de sono e vigília.
Muitíssimo trabalho mental existe durante o sono e os sonhos. Todas as experiências do dia precisam ser combinadas e todo o 'programa pessoal' precisa ser revisto levando-se em consideração todas as informações recebidas durante o dia.
Nós não devemos olhar para o recém-nascido como um pequeno e desamparado ser humano. Mas como pessoas que são pequenas em tamanho, mas com uma imensa capacidade mental, e com muitas habilidades físicas que não podem ser testemunhadas a menos que o ambiente auxilie a manifestação da vida.