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sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Incrível Center for Montessori Education


Depois de visitar a American Montessori Society e sorrir até sentir cãibras nas bochechas, eu voltei para o Iona College, em New Rochelle, sabendo que logo alí, a menos de 30 minutos de caminhada do meu quarto, estava montado um dos melhores centros de treinamento Montessori, para um curso de formação de professores e diretores de escola.

Mal entrei no meu quarto, liguei o laptop e escrevi quem eu era, quem me havia indicado o Center for Montessori Education (CME) e porque exatamente eu gostaria muitíssimo de passar uma manhã lá. A resposta não me deixar mais contente:

Caro Gabriel, é bom receber sua mensagem. Também enviei seu email para Biff Maier e Michael e D’Neil Duffy (eles escreveram o livro sobre Educação Cósmica). Vamos coordenar uma manhã para você estar conosco. Quando você pode vir? Ansiamos por encontrá-lo. Marie.

A Marie, que respondeu, é Marie Dugan, que coordena o CME e já foi presidente da American Montessori Society, além de ter assumido diversos outros postos lá dentro. Eu não sabia disso quando conversamos, e só descobri voltando para o Brasil – foi bom. Senti-me mais à vontade e acho que consegui aprender mais assim, sem o medo do julgamento de alguém com tamanha experiência. Já o Biff Maier é um pesquisador incrível, que escreveu “Tornando-se um Educador Cósmico”, um dos melhores textos sobre Educação Cósmica que já li na vida. O casal Duffy eu não conhecia nem de nome até esse o momento, e vim a ver quanto tempo perdi quando tomei contato com o livro dos dois, “Children of the Universe”, um presente para qualquer um que queira montar um currículo de Educação Cósmica para uma escola Montessori.

Marie Dugan e eu tivemos de trocar vários e-mails até conseguirmos combinar nossa conversa para quarta-feira de manhã. Não era o melhor dia para ela – o melhor era terça. Mas era o possível para mim. Na manhã da terça eu acompanharia meus alunos em uma excursão obrigatória. Acabou, no entanto, que na manhã da terça eu descobri que a excursão havia sido transferida para a tarde. Em ordem, o que fiz foi: tomar café da manhã mais rápido, pedir para o segurança da escola chamar um táxi, conferir se eu tinha dinheiro trocado, pegar meu caderno e ir. Esqueci, portanto, a câmera, uma pena. Mas melhor que esquecer o caderno.

Cheguei. Era na Universidade de New Rochelle, que eu não conhecia. Pedi uma dica para a segurança na porta, e ela me indicou a sala. Foi quase uma piada quando eu entrei, porque as salas não estavam exatamente em ordem – ou melhor, elas estavam, mas eu demorei para identificar qual era a ordem. Parecia uma criança pequena diante da Torre Rosa. Finalmente, consegui encontrar a sala à qual deveria me encaminhar e descobri que estava havendo uma aula lá dentro. Eu não queria interromper.

Dei umas olhadinhas pelo vidro, mas eu não sabia qual daquelas quarenta pessoas era a Marie Dugan, então sentei num baquinho na frente da porta e decidi que pediria ajuda ao primeiro que fosse ao banheiro. Por sorte, a primeira a sair da sala foi uma das organizadoras do curso, e chamou a Marie prontamente para mim. Ela veio, sentou-se ao meu lado, e conversamos um pouquinho. Eu me apresentei de novo... Acho que nestes dois dias me apresentei mais vezes que no resto da minha vida todinha. Depois de conversar um pouquinho comigo, Marie me levou até o casal Duffy. Biff Maier não estava mais lá, já tinha voltado para casa. Em poucas palavras, os dois são as pessoas muito competentes mais fofas que eu já conheci!

O casal Duffy (de quem eu não encontrei fotos) e Carole Wolfe (fundadora do CME) conversaram comigo por quase uma hora. Perguntaram tudo sobre a pesquisa que faço na Faculdade de Educação da USP, quiseram saber como era a escola onde eu trabalhava, contei para eles historinhas de projetos nossos e uma anedota que adoro sobre transformações que ocorrem em adolescentes num ambiente livre. Eles, em contrapartida, me deram contatos preciosos (mais contatos!), falaram-me sobre o que é mais importante na educação Montessori adolescente, sobre como abordar Educação Cósmica no Fundamental II e me disseram que devo compartilhar tudo o que descobrir com a pesquisa, por menor que seja, porque o mundo todo está buscando formas de construir uma educação Montessori ideal para adolescentes, e tudo o que der para saber pode ajudar muito. Falaram-me também sobre iniciativas montessorianas em escolas públicas: todos os estados americanos têm pelo menos uma escola pública e já há iniciativas assim em Porto Rico. Mas a melhor parte ficou para o final: quem começou todo esse movimento por Montessori em escolas públicas foi a Celma Perry, que é uma brasileira expert em Montessori, fundadora do Seton Montessori Institute, em Chicago! Quanto orgulho senti do meu país nessa hora!

Depois do bate papo, os Duffy assinaram os livros que comprei deles (“Children of the Universe” e “Love of Learning”) e todos me desejaram muitos e muitos boas sortes! Eu aceitei todos os votos e trago-os para o Brasil comigo. Que tenhamos muita sorte, porque vamos precisar, se quisermos fazer de Montessori a porta de entrada para o futuro brilhante que espera nossas crianças!

O próximo artigo que eu publicar aqui já vai ser sobre educação em casa. Passei tempo demais sem novidades para vocês e já estou me sentindo culpado. Mas quero pedir uma coisa: espalhem! Espalhem! Quem for bom de desenho, desenhe campanhas. Quem for bom de contatos, contate pessoas que podem conhecer Montessori e se apaixonar! Visitando mais gente que trabalha com isso há 30 ou 40 anos foi possível para mim ver muito nitidamente como é compensador espalhar Montessori! Vamos juntos, e até o próximo post!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Minha visita à American Montessori Society

Quanto tempo!

Neste mês de julho viajei com um grupo de onze alunos para Nova Iorque. Eles vieram participar de um curso de inglês em New Rochelle, com a Rennert Bilingual, e eu vim tomar conta da garotada. Voltaremos neste sábado, e a estada aqui tem sido muito legal. Eu não conhecia os Estados Unidos e NI realmente tem coisas fantásticas de se ver e para conhecer.

Antes de decolar para cá, é claro que eu parei um pouco no Google para descobrir o que havia de montessoriano por estas terras. Minha primeira busca foi pela localização do quartel general da American Montessori Society (AMS), que eu descobri ficar bem no coração de Manhattan. Portanto, enquanto fazia as malas, já pensava que teria de visitá-la! O problema era que eu não sabia em que dia eu teria um tempinho para fazer isso, porque desde que comecei a trabalhar com viagens (em 2009), só recebíamos o calendário de atividades da escola quando chegávamos, e este ano foi igualzinho.

Só em uma terça-feira à noite é que descobri que poderia visitar a AMS na quarta-feira de manhã. Enviei um e-mail em cima da hora e não esperei resposta. Estava lá às 9h00 do dia seguinte. Ninguém sabia muito bem o que fazer quando eu cheguei - nem as secretárias que me receberam e nem eu que fui recebido. Eu sabia que queria conhecer gente, achar material de leitura, quem sabe um poster ou uma camiseta. Mas não sabia quem eu queria conhecer, exatamente, e nem quais materiais eu desejava. Então despejei:
Oi, eu sou um pesquisador de graduação brasileiro que se interessa por Montessori para adolescentes, e eu gostaria de conhecer alguém, ou conversar com quem possa me ajudar em pesquisa. Também, se vocês tiverem materiais, eu adoraria comprá-los. Eu conversei uma vez com a Angela M-, mas não sei se ela fica aqui.
As moças ficaram mais confusas que eu, e chamaram alguém que pudesse me receber ou me mandar para fora: "Oi, tem um pesquisador do Brasil aqui que quer falar com alguém da AMS". Instantes depois chegou uma mulher muito elegante, de cabelos enrolados e um sorriso que me tranquilizou. Chamou-me para uma sala ao lado e me pediu para contar porque eu estava lá.

Eu havia caminhado um bom tanto, e estava cansado. Some isto à minha alegria de estar na AMS e à minha incerteza sobre o que estava fazendo lá e você terá uma dimensão de como foi confuso meu depoimento. Ela me interrompeu, por generosidade e ofereceu-me "antes de tudo", um copo d'água. Aceitei prontamente, e em seguida aceitei também o segundo copo. Aí contei tudo aquilo que vocês já sabem. Que fui aluno Montessori no Fundamental, que no Médio achava tudo meio bobo, e que agora eu havia decidido fazer algo para mudar um pouquinho as coisas. Por fim, expliquei que pesquiso a aplicação dos princípios Montessori em um Fundamental II montessoriano em São Paulo.

A pessoa que me recebeu chama-se Marcy Krever, e é a diretora de Marketing e Comunicação da AMS. Ela sugeriu que eu entrasse no acervo deles, de produtos, e pegasse o que me interessasse. Adicionou que poderia levar quantos exemplares quisesse da Montessori Life, gratuitamente, e me deu uma camiseta, um caderno e adesivos também. Eu comprei dois livros, um sobre Educação Cósmica (que vocês sabem que me interessa demais) e outro que é um manifesto pela liberdade da criança.

Além disso, Marcy me deu contatos preciosos no meio montessoriano. Gente que sabe demais sobre Montessori para adolescentes e sobre Montessori em geral. Deu e-mail, nome, e passou um e-mail para algumas pessoas falando sobre mim. Em suma: uma querida no mais alto grau. Deus queira que um dia eu consiga retribuir de alguma forma!

Um dos contatos que ela me deu foi do Center for Montessori Education (CME) que, adivinhei, ficava bem na cidadezinha onde eu estou com os alunos, New Rochelle. Despedi-me, chorei, sorri, tirei fotos, e chegando na residência estudantil, sentei-me e enviei um e-mail para o CME pedindo uma visita também. Sobre essa eu conto no próximo post!

Um abraço para todo mundo,
de Nova Iorque, com uma pilha de livros novos para nós,
Gabriel